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Círio da Nossa Senhora da Nazaré

cirio-nazareEm relação à religiosidade, que transcorre as festividades, podemos referir que para além dum momento psicológico para cada indivíduo que participa nestes actos, com a recolha e oração, bem como as promessas inerentes, é concomitantemente um acto de fé, a consubstanciação da identidade religiosa que se entroniza posteriormente pela procissão. O devoto, quando efectua a sua promessa a Nossa Senhora, reza perante a imagem da Santa e não deixa de cumprir o seu compromisso.

 

Assim, na casa dos milagres ou promessas, o sujeito pode deixar dinheiro; ex-votos de cera ou retratos pintados, ou mesmo fotografias; objectos de ouro; animais; velas ou círios, com a altura de uma pessoa; enfim ele pode deixar uma quantidade extraordinária de bens materiais que só à imaginação humana lembraria.

 

Nas localidades de São João das Lampas, e Terrugem há três celebrações religiosas que atraem grande número de devotos, são elas: 

 

As Festas em honra de Nossa Senhora da Nazaré, cujo círio percorre estes locais apenas de 17 em 17 anos; as solenidades em homenagem a Nossa Senhora do Cabo Espichel que decorrem a cada vinte e cinco anos.

 

De Nossa Senhora da Nazaré, reza a lenda que a primeira imagem da Virgem Maria foi encontrada, por Eudócia, mulher do Imperador bizantino Teodósio II, na Nazaré, no século V. Eudócia oferece a Pulquéria sua cunhada, a imagem, que por sua vez presenteia uma igreja em Constantinopla com a referida imagem. Devido aos milagres que faz, começa a surgir o culto a Nazaré. Assim, quando Roma é assolada pela peste, prontamente uma procissão com a imagem da Virgem sai às ruas, e esta praga de saúde pública é aniquilada. Este milagre foi imputado pelo Papa Gregório I à imagem da Virgem, decidindo ofertar Espanha, mais precisamente o mosteiro de Cauliana em Mérida, com uma réplica. Aqui, devido à sua origem, recebeu o nome de senhora da Nazaré. 

 

Mais tarde, nos primórdios do séc. VII, esta região de Espanha terá sido cenário de pelejas intensas, obrigando os cristãos a abandonar o mosteiro por via marítima, levando consigo a imagem da Santa até ao local onde nos dias de hoje, é reverenciada, na Pederneira – Nazaré.

 

No Concelho de Sintra, as localidades percorridas por esta Santa são para além de São João das Lampas, Montelavar e Terrugem e nestas a imagem fica um ano aquando da sua passagem. 

 

Também denominado Círio da Prata Grande – devido à riqueza que sempre ostenta – este círio é na sua essência uma procissão vulgar, porém o cortejo muitas vezes, como efectua a “ligação” entre duas freguesias, é de longo curso.

 

Presentemente, o cortejo já não ostenta a mesma graciosidade e brilho de antigamente, mas a tradição dos anjos recitando as Loas, bem como o traje a rigor e as bandas filarmónicas ainda se mantém.