topo

Ermida de Santa Susana, Santa Susana, São João das Lampas

Logo à entrada da aldeia, abre-se um terreiro onde se implanta a ermida de Santa Susana (Mártir, nos finais do século III), assinalada por singelo cruzeiro datado de 1809. Este pequenino templo de origem quinhentista e, apesar da sua feição vernacular, detém equilibradas proporções.

 

Precede a ermida um alpendre fechado, cuja entrada em forma de T permanece flanqueada por vãos limitados por singelas colunas de pedra – similares, aliás, às existentes nas ermidas de São Mamede de Janas e de São Miguel de Odrinhas, na paroquial de São João das Lampas e na igreja de Nossa Senhora da Consolação. No alçado sudoeste do alpendre ergue-se um tosco pilar de alvenaria com relógio de sol de 1808. Coroa a galilé um telhado de três águas e no seu interior destaca-se, à esquerda, uma mesa de pedra grosseira e circundada, em três dos seus lados, por bancos também de pedra. Na fachada principal, onde vai morrer o alpendre já descrito, rasga-se apenas um janelão e a empena define-se por sobressaliente frontão. Anda no exterior, destaca-se o delicado campanário de pedra caiada, cuja brancura contrasta com a rudeza dos degraus de acesso.

 

O interior da ermida de santa Susana, de uma só nave, apresenta-se espacialmente bem proporcionado. O pavimento é de madeira e as paredes marmoreadas a ocre revelam uma campanha de beneficiação ali levada a cabo, nos finais do século XIX ou já nos inícios da presente centúria. O lambrim, a castanho, está rematado por larga banda, igualmente marmoreada (a branco, castanho e azul). Esta moldura repete-se na zona superior das paredes. O tecto de masseira, estucado a branco, ostenta um medalhão relevado. As duas janelas existentes no corpo da igreja (uma na parede de topo e outra na lateral direita) estão emolduradas por listas amarelas. Uma campanha de obras dos finais de novecentos eliminou todos estes vestígios pictóricos, tendo-se, então, optado pela caiação de branco de todo o interior.

 

A pia-de-água-benta junto à porta principal é de “encarnadão” (mármore da região das Lameiras) e parece, pois, tratar-se – pela forma e pelo material empregue – do reaproveitamento de uma base de ara romana. À direita da porta lateral subsiste outra pia-de-água-benta, semi-esférica e desprovida de qualquer decoração. O púlpito com base de pedra e varandim de madeira policroma e o coro – este sustido por colunas de pedra – apresentam-se revestidos com tecidos adamascados debruados e ostentando bordados simples.

 

Junto ao arco do triunfo, à esquerda, permanecem as imagens de Nossa Senhora, do Sagrado Coração de Jesus e um crucifixo e, na parede contígua, emerge uma mísula e sobre ela repousa um Santo António (alt. 31 cm), de marfim e madeira, datável do século XVIII. No lado oposto, destaca-se uma Nossa Senhora de Fátima e, na parede subsequente, uma imagem de São José.

 

O arco triunfal, descentrado relativamente ao eixo da ermida, é de volta perfeita e está integralmente preenchido por uma série de quadrados sobre a ponta esgrafitados; a chave ostenta um coração. O pavimento da capela-mor está revestido com um estrado de madeira e, na parede fundeira, destaca-se um filete azul; nas paredes laterais existem dois filetes paralelos, a azul e castanho. Da risca inferior – sobressaem florzinhas dispostas ao longo de uma linha ondulada e laçarotes, a azul, de onde pendem grinaldas de rosa pálido. O tecto é similar ao da nave, porém, é de madeira pintada a branco, com caixotões rectangulares acantonados com rosetas relevadas e, ao centro, surgem pintados com intensa policromia, diversos símbolos cristãos. Estas pinturas são coevas das do corpo da ermida. Ali permanece, no alçado esquerdo da capela-mor – onde se abre a porta de acesso à sacristia, sala simples e desprovida de qualquer decoração – uma tábua, muito deteriorada, pintada a óleo (113 x 113 cm): parece tratar-se de uma obra quinhentista e representará, talvez, São Martinho acompanhado por duas outras figuras. Na parede oposta, abre-se uma janela e na parede fundeira se ergue o altar de mármore rosa e sobre ele rasga-se, contudo, um nicho onde se encontra a veneranda imagem trecentista de Santa Susana (alt. 54 cm), ladeada por São Sebastião e por São Lourenço, estes últimos apoiados em mísulas de mármore.

 

ermida-stasusana

Ermida de Santa Susana, sobressaindo a galilé e aspecto do seu interior com a tradicional banco e mesa de pedra.