Fonte da Pipa
A primeira referência à Fonte da Pipa remonta ao já longínquo ano de 1369, quando se menciona num documento: João Anes, «morador à Fonte da Pipa».
A sua actual arquitectura, no entanto, reporta-se ao século XVIII, concretamente, à reforma integral patrocinada por D. Maria I, conforme inscrição em cartela envoluteada gravada no espaldar, à qual se sobrepõe a real pedra de armas:
ANTIGA FONTE / DA PIPA / REEDIFICADA / E MELHORADA / PELO DOUTOR / FRANCO IOZE / DEMIRANDA / DUARTE . PRAEZI / DENTE DO SENADO / DA CAMERA . E IUIZ / DE FOR A . DESTA VILLA / EM EXECUÇAM DAS / ORDENS DE SUA MAG.E / EXPEDIDAS EM AVIZO / DA SECRETARIA DE ESTADO / DOS NEGOCIOS DO REYNO DE / VINTE E SEIS DE OUTUBRO DE / MIL SETECENTOS E OUTENTA / E SETE . PELAS QUAIS FOI / A MESMA SENHORA SERVIDA / DETERMINAR A RESTITUIÇAM / DESTA FONTE: SOCEGANDO / O POVO . E LIVRANDO DA / OPRESSAM . QUE LHE CAUSAVA / A FALTA DE AGOA NO BAIRRO / DO CASTELLO . E PORISO EM / MEMORIA DE TAM AUGUSTA / SOBERANA SE GRAVARAM / OS VERSOS SEGUINTES . / QUALIS APUD VETERES / DIVAS REGNABAT ULYSES / QUI NULLI CIVI DICTO . / FACTOQUE NOCEBAT . / 1788.
De facto, para a reconstrução do fontanário tardo-setecentista foi utilizada pedra lioz, cujas pilastras — rematadas por coruchéus, sendo o central mais desenvolvido — enquadram quatro painéis cerâmicos, vigorosos nos seus esmaltes azuis. Os das extremidades, de recorrência classicizante, evocam — estátuas sobre plintos e em cujas cartelas podem ler-se versos latinos, infelizmente, hoje muito danificados —, sendo as figuras idealizadas de Diana e da Justiça. Os dois outros painéis de azulejos que emolduram a centralizada lápide inscrita, contrastam com os anteriores, pois, de traço mais livre e de maior naturalidade, e representam frondosos pinheirais.
Na parte inferior deste complexo espaldar, sobressaem conversadeiras que ladeiam o possante tanque de pedra, alimentado pela pequena bica transmudada em pipa, que, pela sua perfeição e delicadeza do talhe, reclama o nome próprio do fontanário.
Segundo o Padre Sebastião Nunes Borges, na respectiva Memória Paroquial de 22 de Abril de